Wednesday, November 30, 2005

una piedra en el camino: josé alfredo jiménez



José Alfredo Jiménez fue un compositor innato, no estudió música y componía para "limpiarse el alma, consolarse..." . Tanto su vida como las letras de sus canciones se convirtieron en un mismo nudo, y digo nudo, porque tal parece que el lado oscuro y la complicación existencial regía la vida de este importante artista mexicano. "La vida no vale nada", uno de sus versos más célebres, tipifica, por así decirlo, la asunción de la mexicaneidad: fiesta y tragedia, carcajada y llanto,"águila o sol" (como decimos los mexicanos cuando retamos al azar y lanzamos la moneda al aire para decidir nuestro destino).
Este compositor está situado, a mi parecer, como uno de los poetas malditos de nuestro país, cercano siempre al alcohol, siempre a punto de incendiarse, entre el amor y la devoción a las mujeres, pero en perpetua soledad y abandono.
A continuación reproduzco la letra de una de sus canciones más famosas, EL REY:

Yo sé bien que estoy afuera
pero el día en que yo me muera
sé que tendrás que llorar,
llorar y llorar, llorar y llorar.

Dirás que no me quisiste,
pero vas a estar muy triste
y así te vas a quedar.

Con dinero y sin dinero
hago siempre lo que quiero
y mi palabra es la ley.

No tengo trono ni reina,
ni nadie que me comprenda,
pero sigo siendo el rey.

Una piedra en el camino
me enseñó que mi destino
era rodar y rodar,
rodar y rodar, rodar y rodar.
Después me dijo un arriero
que no hay que llegar primero,
pero hay que saber llegar.

Con dinero y sin dinero
hago siempre lo que quiero
y mi palabra es la ley.

No tengo trono ni reina,
ni nadie que me comprenda,
pero sigo siendo el rey.

Thursday, November 24, 2005


BOB DYLAN POR CELSO BOAVENTURA


Escolher um disco de Bob Dylan para falar, confesso, não é uma tarefa fácil. Este incrível cantor e compositor americano realizou , pelo menos, 11 discos antológicos (The Freewheelin' Bob Dylan, de 63; The Times They Are A-Changin',de 64; Bringing It All Back Home e Highway 61 Revisited, de 65; Blonde On Blonde, de 66; John Wesley Harding, de 67; Nashville Skyline, de 69; Desire e Hard Rain, de 76; Oh, Mercy, de 89, além do duplo Live 66, de 98), clássicos que devem constar de qualquer discoteca básica, seja de rock'n'roll, folk, blues, ou mesmo música popular, uma vez que as canções de Dylan transcendem rótulos, não se adequando a classificações pré-estabelecidadas ou estereótipos tão caros à imprensa especializada. É claro que eu, que não sou tolo, nem imprensa especializada, não me atreverei a rotular Bob Dylan, a não ser como gênio. Brilhante, seja como letrista, seja como músico, Dylan é uma mestre na arte de cantar a vida do homem comum, e faz de fatos muitas vezes triviais, músicas que ficam na nossa memória permanentemente, como é o caso de uma das minhas favoritas desse álbum, Ballad of a Thin Man. A escolha deste álbum foi por ele conter 6 das minhas músicas favoritas. Ora, num disco de 9 músicas, isso é extraordinário. E olha que, no mesmo ano, 1965, ele havia lançado Bringing It All Back Home, que trazia nada mais que It's All Over Now, Baby Blue, uma de suas mais belas músicas, da qual o Echo & The Bunnymen fez uma cover tão linda quanto rara, e o irregular Caetano Veloso nos brindou com uma das mais perfeitas traduções de uma canção para o português com o título de Negro Amor, na voz de Gal Costa, no disco Caras e Bocas, de 1977. Mas Highway 61 Revisited é absolutamente perfeito. Abre de cara com Like a Rolling Stone, que dispensa comentários. E emenda, sem perdão, com Tombstone Blues, para você não ter dúvidas de que está ouvindo um ícone, um semi-deus da música. Um pouco depois, chega a já citada, e belíssima, Ballad of a Thin Man, com seu refrão quase marcial: Because something is happening here/But you don't know what it is/Do you, Mister Jones?. Mas não acabou. Você já está sem fôlego, já tomou todo o seu Whisky, já chorou as suas mágoas, já rezou para que Dylan viva eternamente, e ele dispara Queen Jane Approximately, Highway 61 Revisited e, quando você acha que estar vivo valeu a pena e o mundo pode acabar, você ouve uma voz rouca, um violão com cordas de aço, uma harmônica, e uma canção que diz: All these people that you mention/Yes, I know them, they're quite lame/I had to rearrange their faces/And give them all another name/Right now I can't read too good/Don't send me no more letters no/Not unless you mail them/From Desolation Row. E você pode descansar em paz.
O Celso Boaventura publica seus poemas no Cárcere das Asas. E às sextas, revisita álbuns interessantes.

Monday, November 21, 2005

ROBERT CREELEY - POR RUY VASCONCELOS


"Poderíamos editar Creeley em planos de videoclipe: abandonou Harvard -após haver sido suspenso por ter roubado a porta do dormitório; guiou ambulâncias em Burma e na Índia; morou na Provença e nas Ilhas Baleares em condições precárias; obteve o grau de mestre apenas porque Charles Olson, reitor de uma faculdade experimental de artes lhe concedeu o título; passou um tempo na companhia de Ginsberg, Rexroth (com cuja mulher manteve um caso amoroso que quase finda em tragédia), Snyder, Corso, Mclure e Ferlingetthi no auge da propalada Renascença de San Francisco; casou e descasou várias vezes (prole de sete); enfurnou-se no Piauí americano (o Estado do Novo México) para lecionar poesia; teve livros traduzidos em mais de 30 idiomas; habitou lugares tão díspares quanto Helsinck e uma colônia agrícola nos cafundós da Guatemala. Nos últimos dois anos era professor da Universidade Brown. Que mais se pode dizer de um homem assim, a não ser que, evidentemente, viveu? Ou seja, não passou a vida trancado num estúdio, cercado de livro e miopia?"

Trecho do artigo publicado por Ruy Vasconcelos, primeiro tradutor de Creeley no Brasil, por ocasião da sua morte, na revista Trópico.
Love

There are words voluptuous
as the flesh
in its moisture,
its warmth.

Tangible, they tell
the reassurances,
the comforts,
of being human

Not to speak them
makes abstract
all desire
and its death at last.

Amor

Há palavras voluptuosas
como a carne
na sua umidade,
seu calor.

Tangíveis, elas falam
das confirmações,
dos confortos,
de ser humano.

Não dizê-las
torna abstrato
todo desejo
e por fim sua morte.

ROBERT CREELEY

Tradução: Virna Teixeira, publicada na Pop Box

Monday, November 14, 2005

la velocidad, el exceso.

¿Qué es lo que más respeto? Es fácil. La muerte.
Es lo único digno de respeto, lo único inevitable.
James Dean

El día 30 de septiembre de 1955 muere el actor norteamericano James Dean, quizá el ícono más representativo de la rebeldía, encarnada en una eterna y fulgurante juventud. Cinco minutos antes de morir en un accidente de carretera, el actor fue detenido y multado por conducir su auto (un Porshe Spyder) a exceso de velocidad.
James Dean había sostenido una relación amorosa con la actriz Pier Angeli, con quien no pudo casarse debido al rechazo de la madre de ella. El pretexto: James Dean no era católico. Pier Angeli se suicidaría en 1971.
Aunque ahora ha surgido la controvesia sobre si el actor conducía o no a exceso de velocidad, lo cierto es que en la muerte de James Dean encontramos el terrible y trágico descenlace de quien, hasta nuestros días, sigue siendo un estallido de luz enmedio de la noche.

Friday, November 11, 2005

EXCESSIVOS PRODUTIVOS


(foto: Paulo Batelli)

Tavinho Paes é realmente é um excessivo. Do Pasquim ao teatro, letra de canção e poesia (ele discute esse limite tênue), dramaturgia, jornalismo, vídeo, performance, webdesign até os poetry slams a mente deste “aquariano duplo” não pára. Quem não lembra de Totalmente Demais, do Hanói Hanói, das letras do Lobão nos anos 80?
Rodrigo de Sousa Leão entrevista o artista multimídia na última edição da Revista Germina.
E para vê-lo em ação, é só conferir o poema visual na Cronópios, um trabalho fotográfico de Paulo Batelli, e ação experimental do Pipol.

Sunday, November 06, 2005


RADIO, LIVE TRANSMISSION

“We would have a fine time living in the night,
Left to blind destruction,
Waiting for our sight.”

Ian Curtis foi uma dessas raras aparições, meteóricas e revolucionárias no universo da música pop. Junto com Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris, formou uma das maiores bandas de todos os tempos, o Joy Division, banda que iria tornar-se a lendária “New Order” após a sua morte.

O Joy Division nasceu no final da década de 70, na atmosfera pós-punk da industrial Manchester, na Inglaterra. A cidade não estava no cenário internacional da música como hoje e o Joy Division não era exatamente uma banda punk, mas era diretamente inspirada pela energia da música punk. Como o punk, eles usaram a música pop como forma de mergulhar no inconsciente coletivo. A banda cresceu numa época em que as informações corriam de boca em boca e foi a mola propulsora de uma das casas noturnas mais bem sucedidas da história, a Factory, de Tony Wilson.

Ian Curtis não era um letrista comum, e era tão extremo que “quando tinha um interesse, esse interesse tornava-se uma vocação”. Leitor de poesia, cinéfilo, grande admirador de David Bowie, Iggy Pop, Roxy Music, Lou Reed e do Velvet Underground, Ian Curtis tinha também um flair para o palco, para o drama. Segundo sua viúva, Deborah Curtis, sua maior paixão após a música eram as roupas. Economizava seus trocados como vendedor da Rare Records para comprar uma jaqueta de couro vermelho, ou um xale com estampa de onça. Ferocidade que carregava para o palco. Suas performances eram tão intensas que ninguém conseguia deixar a sala de concerto. Ian era epiléptico e a impressão era de que estava possuído no palco – por algo que beirava uma crise, violenta.

Junto com a melodia sombria e explosiva da banda, as letras de Ian traziam à tona sua natureza melancólica, sua instabilidade emocional, o flerte com a morte e com as relações destrutivas. Talvez tivesse um ego frágil como o de uma personalidade limítrofe, que enxerga o outro lado e criptografa suas visões.

You’ve been seeing things,
In darkness, not in learning,
Hoping that the truth will pass.

(No love lost, 1977)

O Joy Division apresentou-se pela última vez em 1980, em Birmingham. A banda já estava famosa e às vésperas de partir para sua turnê americana, quando Ian suicidou-se num sábado à noite, aos 23 anos de idade, após passar o dia ouvindo Iggy Pop e assistindo um filme de Werner Herzog, Stroszek. Até o final, manteve o cenário noir em suspenso. Ian Curtis era um ator. Como declarou Steve Morris:

“If he was depressed, he kept it from us”.

Virna Teixeira

Publicado originalmente no blog Pesa-nervos, em junho de 2005.
Continuando: o Celso Boaventura, do Cárcere das Asas escreve sobre o New Order.

Friday, November 04, 2005

L'EXCESSIVE

Je n'ai pas d'excuse,
C'est inexplicable,
Même inexorable,
C'est pas pour l'extase,
c'est que l'existence,
Sans un peu d'extrême,
est inacceptable.

Je suis excessive,
J'aime quand ça désaxe,
Quand tout accélère,
Moi je reste relaxe.

Je suis excessive,
Quand tout explose,
Quand la vie s'exhibe,
C'est une transe exquise.

Y'en a que ça excède, d'autres que ça vexe,
Y'en a qui exigent que je revienne dans l'axe,
Y'en a qui s'exclament que c'est un complexe,
Y'en a qui s'excitent avec tous ces "X" dans le texte

Je suis excessive,
J'aime quand ça désaxe,
Quand tout accélère,
Moi je reste relaxe
Je suis excessive,
Quand tout explose,
Quand la vie s'exhibe,
C'est une transe exquise, (ouais).

Je suis excessive,
J'aime quand ça désaxe,
Quand tout exagère,
Moi je reste relaxe
Je suis excessive,
Excessivement gaie,excessivement triste,
C'est là que j'existe.
Pas d'excuse ! Pas d'excuse!

Parole et chanson: CARLA BRUNI

Thursday, November 03, 2005

Charles Bukowski
pájaro azul
(fragmento)

hay un pájaro azul en mi corazón que quiere salir
pero soy duro con él,
le digo quédate ahí dentro,
no voy a permitir que nadie te vea.
hay un pájaro azul en mi corazón que quiere salir
pero yo le echo whisky encima
y me trago el humo de los cigarros,
y las putas y los cantineros
y los dependientes de ultramarinos
nunca se dan cuenta de que está ahí.

versión de Jair Cortés



bluebird
there's a bluebird in my heart that wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there,
I'm not going to let anybody see you.
there's a bluebird in my heart that wants to get out
but I pour whiskey on him
and inhale cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that he's in there.

+

"Todo es bueno si es en exceso"

Pier Paolo Pasolini
en Saló o 120 día en Sodoma

"Un tipo alto, delgado, con un sombrero de ala ancha, detuvo su coche al otro lado de la carretera y vino hacia nosostros; parecía un sheriff o algo así. Preparamos en secreto nuestras historias. Se tomó cierto tiempo para llegar hasta nosotros. -¿Qué hay muchachos, van a algún sitio o simplemente van? -No entendimos la pregunta, y eso que era una pregunta jodidamente buena."

Jack Kerouac
En el camino
(fragmento)


fotografía de John Cohen