ROBERT CREELEY - POR RUY VASCONCELOS
"Poderíamos editar Creeley em planos de videoclipe: abandonou Harvard -após haver sido suspenso por ter roubado a porta do dormitório; guiou ambulâncias em Burma e na Índia; morou na Provença e nas Ilhas Baleares em condições precárias; obteve o grau de mestre apenas porque Charles Olson, reitor de uma faculdade experimental de artes lhe concedeu o título; passou um tempo na companhia de Ginsberg, Rexroth (com cuja mulher manteve um caso amoroso que quase finda em tragédia), Snyder, Corso, Mclure e Ferlingetthi no auge da propalada Renascença de San Francisco; casou e descasou várias vezes (prole de sete); enfurnou-se no Piauí americano (o Estado do Novo México) para lecionar poesia; teve livros traduzidos em mais de 30 idiomas; habitou lugares tão díspares quanto Helsinck e uma colônia agrícola nos cafundós da Guatemala. Nos últimos dois anos era professor da Universidade Brown. Que mais se pode dizer de um homem assim, a não ser que, evidentemente, viveu? Ou seja, não passou a vida trancado num estúdio, cercado de livro e miopia?"
Trecho do artigo publicado por Ruy Vasconcelos, primeiro tradutor de Creeley no Brasil, por ocasião da sua morte, na revista Trópico.
"Poderíamos editar Creeley em planos de videoclipe: abandonou Harvard -após haver sido suspenso por ter roubado a porta do dormitório; guiou ambulâncias em Burma e na Índia; morou na Provença e nas Ilhas Baleares em condições precárias; obteve o grau de mestre apenas porque Charles Olson, reitor de uma faculdade experimental de artes lhe concedeu o título; passou um tempo na companhia de Ginsberg, Rexroth (com cuja mulher manteve um caso amoroso que quase finda em tragédia), Snyder, Corso, Mclure e Ferlingetthi no auge da propalada Renascença de San Francisco; casou e descasou várias vezes (prole de sete); enfurnou-se no Piauí americano (o Estado do Novo México) para lecionar poesia; teve livros traduzidos em mais de 30 idiomas; habitou lugares tão díspares quanto Helsinck e uma colônia agrícola nos cafundós da Guatemala. Nos últimos dois anos era professor da Universidade Brown. Que mais se pode dizer de um homem assim, a não ser que, evidentemente, viveu? Ou seja, não passou a vida trancado num estúdio, cercado de livro e miopia?"
Trecho do artigo publicado por Ruy Vasconcelos, primeiro tradutor de Creeley no Brasil, por ocasião da sua morte, na revista Trópico.
4 Comments:
sim, viveu. conhecia e admiro a poesia de Creeley, magnífica, mas ignorava estes detalhes da sua biografia. ultrapassar limites é um dos sinônimos de viver.
Saudações do Cárcere
e segue andante, nas palavras-imagens que insiste em transbordar.
Blog delicioso, ótimo escolha do poeta, e enfim, volto mais vezes. Vim pelos caminhos do Celso. Abs!
disfruté mucho de este fragmento de la vida de creeley. un hombre que vivió la vida de cien hombres. gracias por compartir los excesos. jair cortés
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